- Consciência Sanitária
Com a proximidade do período de férias escolares e com a Gripe AH1N1 em estado pandêmico, várias pessoas questionam se deveriam desmarcar suas viagens para os países os quais foi recomendado a não visitação durante este período...[leia mais]
Por: Antonio Eduardo Giriboni Monteiro - Resgate/SP
A gripe AH1N1 ou influenza do porco é uma infecção respiratória aguda e muito contagiosa dos porcos, causada por algumas espécies e tipos de vírus de gripe. A morbidade é alta, mas a mortalidade, geralmente baixa (1%-4%). O vírus transmite-se entre os porcos através do ar, pelo contato direto ou indireto. Durante todo o ano ocorrem os surtos nos animais, mas a incidência é maior no outono e no inverno. Muitos países vacinam sistematicamente suas criações de porcos quando identificam um caso de influenza do porco.
O vírus influenza do porco está, em sua maioria, do subtipo H1N1, mas também outros subtipos circulam entre os porcos, como H1N2, H3N1 e H3N2. Estes animais podem se infectar, ainda, pelo vírus do influenza pelo contato e adquirir a gripe do vírus sazonal que afeta o homem. Acredita-se que o vírus H3N2 do porco possa vir a infectar os humanos. Os porcos podem se infectar, simultaneamente, por mais de um tipo de vírus, o que permite que troquem sua configuração genética. O resultado pode ser um vírus gripal com os genes da origem diversa, que é chamado “um vírus reagrupado”. Embora o vírus do influenza do porco seja normalmente específico daquela espécie, às vezes “saltam” umas interespécies desta barreira e causam a doença no homem.
Como afeta a saúde humana?
Foram notificados que, ocasionalmente, apareceram casos esporádicos da infecção humana pelo vírus do influenza, quando estão com sistema imunológico deprimido. No geral, os sintomas clínicos são similares àqueles do influenza sazonal, mas as manifestações clínicas são muito variáveis, passando de uma infecção assintomática aos limites de uma pneumonia que mata o paciente.
Geralmente, as manifestações clínicas do influenza do porco no homem são semelhantes aquelas do influenza sazonal e de outras infecções agudas das vias respiratórias superiores. Muitos casos leves despercebidos ou assintomáticos podem ter passado, consequentemente, não se sabe a que extensão a doença humana possa ser prolongada.
Onde ocorreram casos humanos?
Desde que começou a aplicar RSI (2005), em 2007, casos foram registrados do influenza do porco nos Estados Unidos e Espanha, declarados na OMS.
Normalmente, os povos contaminam-se com porcos infectados, mas alguns casos humanos não possuem antecedentes de contato com aqueles animais ou arredores. Houve casos da transmissão entre povos, mas contatos limitados à proximidade e aglomerações.
A carne e os produtos do porco podem ser comidos?
Sim. Não há nenhum dado que demonstre que o influenza do porco pode ser transmitido ao homem através da carne do porco ou de outros produtos derivados que foram guardados e preparados apropriadamente. O vírus do influenza do porco destrói-se a temperaturas de 70ºC, que corresponde às circunstâncias recomendadas, geralmente, para cozinhar a carne do porco e das outras carnes.
Assim como a gripe humana comum, a suína apresenta os sintomas: febre, cansaço, fadiga, dores pelo corpo e tosse. Existe vacina para os porcos, porém ainda não se descobriu uma que possa ser utilizada pelos humanos. De acordo com a OMS, o medicamento antiviral oseltamivir, em testes iniciais mostrou-se efetivo contra o vírus H1N1.
No passado, a infecção humana pelo agente do influenza do porco manifestou-se, no geral, de forma leve, embora tenha causado algumas afecções sérias, como a Pneumonia. Não obstante, parece que as manifestações clínicas dos surtos em curso nos Estados Unidos e no México são diferentes. Nenhum dos casos confirmados nos Estados Unidos mostrou-se ser da forma mais grave da doença e os pacientes têm se recuperado com pouca necessidade de receber atenção médica. Já no México, nota-se que alguns pacientes foram atingidos pela forma mais séria e grave da doença.
Medidas gerais da prevenção do influenza:
- Evite a ligação direta com pessoas doentes ou aqueles com febre e tosse.
- Lave as mãos com água e sabão frequentemente e conscientemente.
- Durma bem, e alimente-se com bons nutrientes, além de manter-se fisicamente ativo.
Se houver algum paciente na casa:
- Isole-o em uma zona separada na casa. Se isso não for possível, mantenha a maior separação entre o paciente e as outras pessoas.
- Tampe a boca e o nariz quando em contato com pacientes. Existem máscaras no comércio, ou pode-se fazê-las com os materiais que tem à mão, de preferência que sejam descartáveis ou que possam ser lavados corretamente.
- Lave as mãos, frequentemente, com água e sabão após cada contato com paciente.
- Mantenha os ambientes bem ventilados onde está o paciente. Use janelas e as portas para criar fluxos de ar.
- Mantenha limpo os arredores, usando produtos domésticos de limpeza. Se viver em um país onde o influenza do porco causou a morte de alguma pessoa, informe-se e use os conselhos das autoridades locais da saúde.
Em que países surtos da gripe do porco foram declarados?
O influenza do porco não é uma doença de declaração obrigatória às autoridades internacionais de Saúde Animal (OIE, www.oie.int), razão porque sua distribuição internacional entre os animais não é conhecida. A doença é considerada endêmica nos Estados Unidos, mas sabe-se também de surtos na América do Norte, América do Sul, Europa (Reino Unido, Suécia e Itália), África (Quênia) e zonas da Ásia Oriental (China e Japão).
Existe um risco de pandemia?
A maioria dos povos que tiverem contato regular com porcos e baixa imunidade, precisarão impedir a chegada da infecção. Se um vírus do porco puder se transmitir eficientemente de pessoa à pessoa, pode causar uma pandemia do influenza. O impacto de um pandemia causada por um vírus dessa natureza é difícil de predizer: dependerá de sua virulência, do estado de imunidade já existente na população, da proteção cruzada existente por anticorpos produzidos pela resposta às gripes sazonais e dos próprios fatores do hospedeiro.
Há alguma vacina para o homem que o proteja do influenza do porco?
Não há nenhuma vacina para evitar que o vírus atual do influenza do porco cause a doença no ser humano. Não se sabe se as vacinas atuais para a gripe sazonal geram algum nível de proteção. As mudanças dos vírus da gripes acontecem muito rapidamente. É importante desenvolver, neste momento, uma vacina de combate ao vírus circulante, para que haja a proteção do máximo de pessoas vacinadas. Por isso, a necessidade que a OMS conheça o maior número de vírus possível, e selecione os candidatos mais apropriados para a criação da vacina deste.
Quais remédios existem para o tratamento?
Em alguns países, usam-se antivirais para combate a gripe sazonal, e estas vacinas parecem impedir eficazmente e tratar a doença. Há dois tipos de drogas: os adamantanos (amantadine e rimantadine) e os inibidores do neuraminidase (o oseltamivir e o zanamivir). O segundo grupo parece ser mais eficaz para este fim e seus estoques e produção tem sido aumentados pelos laboratórios produtores.
A maioria dos exemplos notificados do influenza do porco previamente correspondem aos pacientes que se recuperaram totalmente da doença sem nenhuma necessidade da atenção médica e sem receber antiviral.
Alguns vírus da gripe desenvolvem resistência aos remédios antivirais, limitando a eficácia dos quimioprofilaxia e do tratamento. Os exemplos humanos recentes do vírus da gripe do porco que afetam os Estados Unidos são sensíveis ao oseltamivir e zanamivir, mas resistente ao amantadine e ao rimantadine.
Porém, a informação ainda não é suficiente para formular a recomendação sobre o uso de antiviral à prevenção e o tratamento da infecção pelo vírus do influenza do porco. Cada médico deverá avaliar e decidir se considera as manifestações e a epidemiologia da doença, para pesar as vantagens e as desvantagens da profilaxia e do tratamento para o paciente. Devido ao surto que foi declarado nos Estados Unidos e no México, as autoridades nacionais e locais estão recomendando usar o oseltamivir ou o zanamivir como o tratamento e a prevenção da doença, baseado no perfil da sensibilidade do vírus.
O que eu devo fazer se eu tiver um contato habitual com porcos?
Embora não haja nenhuma indicação absoluta de que os exemplos humanos atuais da infecção pelo influenza do porco estão relacionados ao contato direto, e que não passem de síndromes gripais do porco, é aconselhável reduzir ao mínimo o contato com porcos doentes e notificar tais animais às autoridades veterinárias correspondentes. A maioria dos povos tornam-se infectados em consequência de um contato prolongado e fechado com porcos infectados. Em todo o contato com animais o respeito às boas práticas de higiene é essencial. Nenhum animal que morreu da doença deve ser posto para procedimento de abate e comercialização. É necessário confiar no conselho das autoridades nacionais competentes.
Não foi demonstrado que o influenza do porco foi transmitido para o ser humano pela ingestão da carne do porco corretamente cozida e preparada, ou de outro produtos obtidos do porco. O vírus do influenza do porco morre durante a preparação da carne do porco ou de outro produto obtido do animal. O vírus do influenza do porco morre ao se cozinhar alimentos a uma temperatura de 160ºF/70ºC, aquela correspondente às diretrizes orientadoras gerais para a preparação da carne do porco e dos outros tipos.